O Teatro Apolo recebe a estréia nacional da adaptação de Rei Lear

 
Clássico de Shakespeare ganha versão com três atrizes
Rei Lear tem direção do carioca Moacir Chaves e traz no elenco Paula de Renor, Sandra Possani e Bruna Castiel

A peça Rei Lear, considerada obra-prima de Shakespeare, terá curta temporada no Teatro Apolo, no Bairro do Recife, de 22 a 30 de novembro. A montagem da Remo Produções carrega a assinatura do premiado diretor carioca Moacir Chaves. O texto é encenado por três atrizes: Paula de Renor, Sandra Possani e Bruna Castiel. As duas primeiras já haviam trabalhado com Moacir Chaves na montagem Duas mulheres em preto e branco, de 2012, com texto de Ronaldo Correia de Brito. Nessa segunda empreitada, agora levando a tragédia de Shakespeare ao palco, o grupo continua o trabalho de pesquisa de linguagem: mesmo com dezenas de personagens, o texto não foi adaptado, apenas recebeu cortes.
“Encenar Rei Lear significa refletir sobre o mundo moderno e contemporâneo. Conhecemos mais de nós mesmos quando mergulhamos em um material desse alcance e envergadura”, analisa o diretor Moacir Chaves. Em Rei Lear, o monarca da Bretanha, ao chegar à velhice, se vê obrigado a dividir o seu reino entre as três filhas para garantir a sua sucessão. Segundo o teórico Jan Kott, o tema de Rei Lear é a decomposição e o declínio do mundo. “Dos doze principais personagens, metade é justa, a outra injusta. Uma metade de bons, uma metade de maus. A divisão é tão lógica e abstrata quanto numa peça de moralidade. Mas é uma peça de moralidade em que todos serão aniquilados: os nobres e os vis, os perseguidos e os perseguidores, os torturadores e os torturados”, escreve Kott no livro Shakespeare nosso contemporâneo. “O texto foi escrito em 1606, mas trata de questões pertinentes aos dias de hoje: como se constroem as estruturas de poder, injustiças sociais, tratamento ao idoso e à mulher”, complementa Chaves.
Além das atrizes, estão no palco os músicos Samuel Nóbrega e Tomás Brandão. Os dois executam ao vivo a trilha sonora criada especialmente para o espetáculo por Brandão e Miguel Mendes. Há uma tentativa de encontro entre a música eletrônica e a música popular, refletida, por exemplo, nas escolhas dos instrumentos: um sintetizador polifônico analógico e uma guitarra preparada. Os músicos adotam técnicas não convencionais que envolvem o uso de utensílios diversos nas cordas, interferências sonoras nos captadores e processamento digital e analógico do sinal produzido. Durante a encenação, Nóbrega e Brandão usam um aplicativo de smartphone chamado Garage Band, que permite a execução de ritmos em pads na tela, assim como a reprodução de faixas e o processamento do resultado geral com efeitos como reverb, eco e filtros.
Tanto a iluminação quanto o cenário são assinados por parceiros antigos de Moacir Chaves: Aurélio de Simoni e Fernando Mello da Costa, respectivamente. Já o figurino foi idealizado por Chris Garrido, que recentemente foi premiada pelo figurino do filme Tatuagem. O cenário é coberto por terra, onde placas com os nomes dos personagens são cravadas; ao fundo, colunas grandes de sustentação de biombos dão a ideia de torres gigantes de castelo. Nos biombos são colocados diversos figurinos de maracatu, cedidos pelo acervo do Maracatu Nação Pernambuco. O maracatu, associado às cerimônias de coração dos reis e rainhas do Congo, também tem rei e rainha, duque e duquesa, príncipe e princesa, assim como no universo europeu da Idade Média da história de Shakespeare.
A montagem, que estreou no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, onde também cumpriu curta temporada, foi viabilizada graças ao Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2013.

Sobre o diretor
Moacir Chaves tem mais de 25 anos de carreira e cerca de 40 espetáculos encenados. É considerado um diretor ímpar no cenário teatral brasileiro, por sua proposta arrojada de romper com conceitos estáticos, principalmente no que diz respeito à dramaturgia, utilizando-se de textos literários, poemas, autos de processos e escritos filosóficos na construção da cena. Tem dirigido espetáculos para grandes nomes do teatro brasileiro, com trabalhos reconhecidos pelo público e pela crítica. Atualmente é diretor artístico da Companhia Alfândega 88, no Rio de Janeiro. Dirigiu espetáculos como Esperando Godot, com Denise Fraga e Rogério Cardoso; Sermão da Quarta-feira de Cinzas, com Pedro Paulo Rangel, espetáculo que recebeu os prêmios Shell, Molière e Mambembe; Roberto Zucco, com Marcos Breda, André Mattos e outros, vencedor do Shell; e O altar do incenso, com Marília Pêra e Gracindo Júnior.

Sobre a produtora
A Remo produz espetáculos para teatro desde 1993, inclusive com co-produções com grupos da Holanda e Portugal. São do repertório da Remo: Patética, Salto Alto, Arlequim, Besame Mucho, Fernando e Isaura, Abelardo e Heloísa, Quem Tem, Tem Medo, Histórias de Além-Mar, Carícias e Duas Mulheres em Preto e Branco. Criou e manteve o Armazém 14, onde manteve o Teatro Armazém, que funcionou por mais de dez anos, contribuindo para a fruição do teatro pernambucano. Produziu ainda programas para Tv, como o Som da Sopa.

Serviço:
Rei Lear
Estreia: 22/11 (sábado), às 20h
Temporada: Quintas e sextas-feiras, às 19h; sábados e domingos, às 20h. Até 30/11
Onde: Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 3355-3320
 
Ficha técnica:
Autor: William Shakespeare
Diretor: Moacir Chaves
Atrizes: Bruna Castiel, Paula de Renor e Sandra Possani
Iluminação: Aurélio de Simoni
Cenografia: Fernando Mello da Costa
Figurinos: Chris Garrido
Trilha sonora: Tomás Brandão e Miguel Mendes
Operação de luz: Beto Trindade
Execução da trilha sonora ao vivo: Tomás Brandão e Samuel Nóbrega
Projeto gráfico: Clara Negreiros
Preparação vocal: Carlos Ferrera (1ª fase); Luciano Brito/ Acorde´s Escola de Música(2ª fase)
Cenotécnico: Cristóvam Sovagem
Confecção adereços: Manuel Carlos
Confecção de figurino: Edilene Melo (Catirina)
Produção Executiva: Elias Vilar
Produção geral: Paula de Renor
Realização: Remo Produções Artísticas e Centro de Diversidade Cultural Teatro Armazém
 
 
Atendimento à imprensa:
Rabixco Comunicação e Produção Criativa
Pollyanna Diniz – (81) 9726-8680
Maurício Spinelli – (81) 9975-9246

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