Estreia no Teatro Apolo - O Menino da Gaiola [sábados e domingos]

O Menino da Gaiola” vai lançar questões importantes a crianças e adultos a partir de algo bem simples: a possibilidade do sonhar

“Você tem algum sonho preso?”. Esta é a pergunta mais frequente de Vito, um garoto de nove anos que, inspirado pelo tio, um criador de pássaros, resolve sair numa jornada pelo mundo portando apenas uma gaiola. Mas não quer prender passarinhos e, sim, anotar em papel os sonhos de cada pessoa para depois fazê-los voar, voar, voar...

De perfil inegavelmente poético e indicado para crianças a partir dos sete anos, “O Menino da Gaiola”, espetáculo infanto juvenil com produção do Bureau de Cultura, cuja estreia está marcada para o próximo dia 20 de julho, no Teatro Apolo, conta a história de Vito, este menino curioso, esperto, que teima em saber os sonhos daqueles que encontra em seu caminho. Vito é órfão de pai e mãe e vive com a avó Dona Erundina e o Tio Efúvio. Ela, amável e dramaticamente divertida, gosta de contar lindas histórias enquanto borda tecidos coloridos; ele, um companheiro familiar incentivador, cria voadores em gaiolas espalhadas pela casa. É no aniversário de Vito que surge a ideia do garoto sair pelo mundo portando sua gaiola, pronta para receber, como pássaros de papel, sonhos mil. Presos até então, seu objetivo é libertá-los.


 Temerosa, a avó alerta sobre os perigos do mundo, mas Vito responde com ar de quem já descobriu tudo: “Minha vó, você vê muita televisão”. Não sabe ele dos sustos que irá encontrar na jornada, ainda que em meio a momentos divertidos e de extrema poesia. O diretor Samuel Santos define: “Enquanto a criança sonha para entrar, simbolicamente, num mundo de fantasia, de um certo paraíso, geralmente com reis, fadas e príncipes, Vito se depara com o mundo real, com personagens que estão à margem da sociedade, mas que ele não tem medo de se relacionar, não tem preconceito: um mendigo que teve o rosto queimado, uma menina que é assediada pelo padrasto e pescadores que sofrem por não encontrarem mais o ganha-pão. É um sonho às avessas, que mergulha na realidade, mas ainda repleto da fantasia própria do mundo infantil, com personagens lúdicas, mesmo que em situações cruéis e verdadeiras”.



Esta escolha pelo universo onírico ameniza temas bem duros que são levados à cena, como, por exemplo, o abuso sexual de menores, através da garota Liz, que sofre com seu padrasto. Para tratar deste assunto, o diretor optou por uma marcação de cena que, de certa forma, pontua toda a encenação, apostando no brincar constante. A difícil realidade do mundo atual está ali, no tema exposto, mas numa linguagem que não vai agredir nem crianças nem adultos e, certamente, vai lançar questões, já que um dos objetivos da montagem, além de permitir debates ao final com a plateia (estão sendo agendadas sessões especiais para alunos da rede pública de ensino e ONGs), é fazer com que a família que vai ao teatro possa conversar sobre tudo o que foi visto. É tirar o caráter passional do espectador, seja criança ou adulto; fazer fervilhar reflexões na cabeça de cada um e permitir o diálogo familiar após cada sessão.



“O Menino da Gaiola” é o primeiro texto teatral assinado pelo ator, dramaturgo e publicitário recifense Cleyton Cabral, atualmente em período de estudos na Argentina (mas já garantiu presença na estreia, dia 20). No elenco, Evilásio de Andrade como o protagonista; Auricéia Fraga, Márcio Fecher, Eduardo Japiassu e Ana Souza. A trilha sonora é uma criação original da cantora e compositora Isaar, que foi buscar inspiração no próprio filho e construiu tudo com a sonoridade de brinquedos, além da voz, flauta, violino e didgeridoo, instrumento de sopro. A iluminação é assinada por O Poste Soluções Luminosas (Naná Sodré e Agrinez Melo); figurinos de Java Araújo; maquiagem de Gera Cyber e cenários de Renata Gamelo, Arthur Braga e Samuel Santos. Na produção executiva, Clarisse Fraga.
A encenação tem um ar despojado e já começa com o elenco brincando com a percussão corporal e procurando saber o sonho de alguns dos espectadores na plateia. Seguindo a máxima do que diz sua avó, “a gente sonha e fica mais perto das estrelas que nos guiam”, Vito empreende sua jornada. No caminho, Onário é a referência ao mendigo que teve o rosto queimado e vive na escuridão (diz ele, “sem sonho é o nada, o vazio”); Lis é a garota que mora na cidade de Sentilavras (sentimento + palavras) e sofre pelo assédio do padrasto que teima em descobrir o posinho de boneca que a garota, metaforicamente, traz numa parte do corpo; e os pescadores Domásio e Damásio só conseguem achar sofás, pneus e geladeiras no rio que deveria lhes dar o peixe do sustento. Como se vê, através destas personagens, questões do dia a dia frequentemente estampadas no jornal vêm à tona, como um alerta às crianças e adultos. “É uma dramaturgia corajosa, que lança assuntos dos tempos de hoje e abre essa possibilidade do diálogo”, lembra o diretor Samuel Santos. Mas o tema principal, que permeia todas as cenas, é mesmo o cultivar dos sonhos.

É tanto que, durante toda a trama, brincadeiras como peteca, corre-corre, esconde-esconde são lembradas, tentando reavivar o sonho libertário de cada uma das personagens, inclusive do garoto Vito, que não conheceu os pais porque, segundo sua avó, eles “viraram estrelas”. Para o ator Evilásio de Andrade, de 29 anos, mas com cara e jeito de menino, sua personagem pautou-se na curiosidade. “Vito é um garoto atento a tudo, que não para. Cercado por temas muito fortes, o mais bonito é perceber sua ingenuidade, afinal, ele é uma criança. Isso dá uma leveza a mais a sua trajetória”, pontua. O Menino Maluquinho, de Ziraldo, serviu de inspiração. “Eu sou quieto, tímido, e Vito é o oposto de mim. Mas o mais legal é o encantamento que ele carrega em si. Ele pensa com força e consegue o que quer. É essa possibilidade de sonhar e realizar os desejos que tem a ver comigo”, completa.

Nesta fábula sobre a liberdade, Vito fica sendo, então, esse menino que carrega o seu e o sonho de muitos...

Dia: do dia 20 de julho ao dia 04 de agosto/2013 [temporada aos sábados e domingos]
Hora: 16h
Local: Teatro Apolo
Censura : indicado para crianças a partir dos 7 anos
Duração: 55 minutos
Ingressos:
R$10,00 [inteira]
R$5,00 [meia]
crianças, estudantes, professores e maiores de 60 anos
Bilheteria do teatro a partir das 15h
Informações: 
Samuel Santos (diretor) 8835 6304 / Clarisse Fraga (produtora) 8837 1485 / Cleyton Cabral (autor) 9680 5177 ou 8897 7747 / ccomunicador@gmail.com, Leidson Ferraz 3222 0025 / 9292 1316.
Centro Apolo-Hermilo: (81) 33553320/ 33553321


Postado por: Erika G.L. França

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