“Sebastiana e Severina”


Duas rendeiras solteironas sonham em encontrar um “príncipe encantado” e, assim, acabam descobrindo o verdadeiro valor da amizade: este é o mote da divertida e poética peça musicada “Sebastiana e Severina”, em estreia de temporada neste sábado, no Teatro Hermilo Borba Filho, sob direção de Claudio Lira. A montagem propõe uma volta ao interior, com muito humor, rimas e festa.


Após uma pré-estreia no dia 26 de março, na programação da Mostra Marco Camarotti de Teatro Para a Infância e Juventude, a peça musicada “Sebastiana e Severina”, produção de Claudio Lira e Teatro Kamikaze, finalmente inicia temporada no Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife. Tel: 3355 3321), aos sábados e domingos, sempre às 16h, a partir deste final de semana (sábado, 18 de abril de 2015), permanecendo em cartaz até o dia 10 de maio. Concebida a partir do premiado e elogiado livro homônimo do pernambucano André Neves, escritor e ilustrador radicado há anos no Rio Grande do Sul, a peça conta com adaptação dramatúrgica e encenação de Claudio Lira, além da direção de arte de Marcondes Lima, iluminação de Játhyles Miranda e direção musical de Demétrio Rangel. No elenco, Célia Regina, Zuleika Ferreira, Luiz Manuel e o próprio Demétrio Rangel. A montagem, que recebeu patrocínio da Petrobras, através do Prêmio Myriam Muniz, da Funarte/Ministério da Cultura, é indicada para crianças a partir dos oito anos. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10.


Foto: Pedro Portugal
 
No enredo, o tempo passou para as duas rendeiras Sebastiana e Severina, pois ambas já não dispõem da beleza da juventude, mas ainda acalentam um sonho em meio à monotonia dos seus dias: encon­trar “um príncipe encantado” para casar. A chegada de Chico (um homem bonito, alto e inteligente) à cidade de Umbuzeiro, desperta logo o interesse das moças que, para cativar o coração do visitante, valem-se de cantar be­las canções, fazer a renda mais bonita e até invocar os poderes mágicos de Dona Zefinha, a grande feiticeira daquela terra. No entanto, o destino (sempre ele) lhes prega uma grande peça e só então é que Sebastiana e Severina desco­brem o valor da verdadeira amizade.


Foto: Pedro Portugal
 
À moda dos repentes, cordéis e loas contados e cantados pela tradição popular nordestina, o livro escrito por André Neves apresenta os valores culturais, as comidas típicas, as canti­gas populares, o artesanato, “o saber e o fa­zer” em prosa e verso, levando o lei­tor a entrar no clima da história retratada com muito humor e poesia. Publicado pela editora DCL, a obra teve suas imagens selecionadas para participar do La Immagine della Fan­tasia, mostra de ilustrações voltada para crianças na Itália, re­cebeu o selo de altamente recomendável pela FNLIJ, e é um dos títulos do Catálogo de Bologna de 2003. Conquistou ainda o Prêmio “O Sul, Correios e Os Livros”, de autor do livro do ano, além da menção White Ravens da biblioteca de Munique na Alemanha e da menção Honrosa do Prêmio Jabuti em 2003. Com suas rimas e prosas da gente do interior, a montagem dirigida por Claudio Lira pretende (tal qual o livro) fazer com que cada espectador sinta-se convidado para os feste­jos ao padroeiro da cidade de Umbuzeiro (terra natal da avó do escritor André Neves, onde ele passava férias na infância).

 
Foto: Pedro Portugal
 
“Foi o ator e escritor Luciano Pontes quem me apresentou o texto. De imediato, eu já tive vontade de levar à cena. Não assisti a montagem carioca que veio ao Recife há muitos anos atrás, e me encantei pela obra por me proporcionar uma volta ao interior. Lembrei muito da minha meninice, das festas de reis de São José do Egito, cidade dos meus pais onde vivi grande parte da minha infância”, relembra o encenador Claudio Lira, natural de Petrolina, no sertão, outra cidade do interior pernambucano. Esta sensação de retomar a origens e reafirmar o local de onde cada um vem, norteou, inclusive, os escritos da arte do programa da peça (também concebido por Lira), com a identificação da terra natal de todos que compõem a equipe. “É a reafirmação do ser nordestino, do interior, e André Neves faz isso especialmente no final do livro, numa homenagem à avó e à cidade dela, Umbuzeiro, onde ele ia passar as festas de rua na infância e transformou no palco da história de Sebastiana e Severina”, complementa.


Foto: Pedro Portugal

“Mas o mais interessante do texto de André Neves foi vê-lo tratar o homem do interior não só no âmbito da seca, do sofrimento, mas também pelo lúdico, abordando, inclusive, suas alegrias. No entanto, curiosamente, sempre choro quando leio o final”, confessa Claudio Lira. Em cena, os atores-músicos (Célia Regina do Córrego da Areia, Demétrio Rangel, de Casa Amarela, Luiz Manuel, de Ouro Preto/Olinda, e Zuleika Ferreira, de Água Fria, todos cantando e tocando instrumentos) desmistificam a “quarta parede” e mostram-se misturados às personagens, revelando segredos do teatro como se fosse uma brincadeira lúdica de criança, já que são um grupo que chega a uma cidade do interior para contar a bela e divertida história das rendeiras solteironas Sebastiana e Severina. Através de uma espécie de oratório – a religiosidade é um elemento forte da narrativa de André Neves – todos os elementos vão se revelando, inclusive o próprio fazer teatral.


Foto: Pedro Portugal

À frente da produção, Andrêzza Alves, Claudio Lira e Ivo Barreto, que pontuam: “Sebastiana e Severina” busca a poesia dos antigos moradores das cidades do in­terior, os hábitos e costumes de velhas mu­lheres rendeiras, a alegria do mamulengo e das figuras do Cavalo-Marinho, a festa viva e pulsante da narrativa oral e da cultura po­pular nordestina com seus jogos de roda, brincadeiras de rua e contações de história. Embalados pela homenagem que o livro de André Neves presta a estas mulheres que tecem histórias, vidas, famílias e sustentos na trama e na renda de bilros, deparamo­-nos todos, atores e técnicos (artistas cria­dores, que somos), com o nosso ser criança. E agora, que estamos a bem pouco do nos­so encontro mais esperado, desejamos que “Sebastiana e Severina” seja uma fonte de deleite estético, uma lúdica jornada na qual atores, bonecos, máscaras, músicas, luzes, figuras e formas preencham todos os espaços dando vida plena às personagens desse drama amoroso em suas dores e de­leites. Ao montar este espetáculo, tencio­namos tocar o espectador na sua dimensão humana e afetiva, provocar o seu olhar e emocioná-lo com o que o “nosso interior” tem de belo. Pois acreditamos que levar à cena trabalhos que tangenciam os sonhos e explodem em cores e formas repletas de poesia e encantamento faz-se importante, não só hoje como sempre.

Ainda no corpo técnico: Assistência de direção, trabalho de construção prosódica e direção de produção: Andrêzza Alves (do Juazeiro do Norte - Ceará) • Assistência de Produção: Ivo Barreto (do Interior do mundo) • Iluminação: Játhyles Miranda (da Bomba do Hemetério - Recife) • Direção Musical e Preparação Vocal (canto): Demétrio Rangel (de Casa Amarela - Recife) • Direção de Arte: Marcondes Lima (de Petrolândia - Pernambuco) • Preparação Corporal: Quiercles Santana (da Estrada de Aldeia, Camaragibe - Pernambuco) • Programação Visual: Claudio Lira (de São José do Egito - Pernambuco) • Assessoria de Comunicação: Leidson Ferraz  (de Petrolina - Pernambuco) Mestres Artesãos: • Máscara: Giorgio De Marchi (de Veneza - Itália) • Calçados: Expedito Seleiro (de Nova Olinda - Ceará) • Malas: Zé das Malas (do Juazeiro do Norte - Ceará).

Sobre Claudio Lira:

Além de ator e designer (já assinou a programação visual de inúmeros espetáculos e festivais), Claudio Lira tem muita experiência na direção. Seu mais recente trabalho foi O Beijo no Asfalto, de 2012, mais também ficou à frente de Um Rito de Mães, Rosas e Sangue, Maçã Caramelada, Três Viúvas de Arthur, Nelson Crônico, Relações Enquadradas e o musical Alheio. “Sebastiana e Severina” é sua primeira experiência na linguagem infanto juvenil.

SERVIÇO

Sebastiana e Severina, realização Claudio Lira e Teatro Kamikaze

Em temporada aos sábados e domingos, a partir deste final de semana (dia 18 de abril de 215), no Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife.  Tel: 3355 3321), sempre às 16h, até dia 10 de maio de 2015. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (crianças até 10 anos, estudantes, professores e maiores de 65 anos).

 
Mais detalhes: Leidson Ferraz (assessoria de comunicação) 3222 0025 / 9292 1316.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos